segunda-feira, 26 de novembro de 2012

Miacast 02


Cumplicidade Feminina





No segundo episódio do Miacast, Miau recebe sua amiga Fabi e seu marido Sérgio no telhado!

Os três conversam sobre a cumplicidade, e no final, não percam um texto áudio interpretado, ilustrando esse tema.



Clique para ouvir a segunda edição do Miacast!



Dia Chuvoso

Dia chuvoso, correria no fim do expediente para chegar em casa sem ser pega pela chuva. Mas logo na saída do trabalho, o chuvisco me pegou. Bolsa de um lado, sacola de outro, bengala na mão e o braço dado com uma boa alma que me ajudava a chegar no ponto de ônibus... com tudo isso tive que parar para pegar a sombrinha de dentro da bolsa, pois nada e ninguém desse mundo, e nem do além, estragaria a esplêndida escova Portiê (é assim que se escreve?) que fiz ontem no salão com minha maravilhosa cabeleireira que não abro mão. Dentro do ônibus, chuva lá fora e ambiente abafado com cheiro de roupa há muito guardada nos armários dos passageiros. Ufa! Um lugarzinho para sentar! Que maravilha! Desarma bengala, tira a bolsa que sempre agarra no casaco jeans, tira sacola do braço, coloca tudo no colo cuidadosamente, pois qualquer movimento errado poderia desativar uma avalanche de bengala, sombrinha, bolsa e sacola rolando ônibus a dentro, calhando, é claro, de até ir parar lá fora, saltitando degrau por degrau, até cair, quem sabe, em uma poça suja no meio da rua. Sem falar nas diversas coisinhas que somente uma mulher pode carregar dentro de uma bolsa e de uma sacola se espalhando por todos os lugares. Não! Todo cuidado é pouco para evitar uma catástrofe dessa magnitude. Finalmente, chega meu ponto. Ritual inverso agora. Ajeita a bolsa no ombro... briga com o casaco para que esta não escorregue para o braço. Bengala armada, sacola no outro braço e... Abrir ou não a sombrinha? eis a questão. Sentir o clima lá fora me pareceu ser a melhor solução. Pingos espaçados caiam do céu, como me desafiando a abrir a sombrinha. Não abri. Vou eu agora desafiar os céus e correr o risco. Mas hei de chegar em casa a tempo, sem precisar abrir a sombrinha. Nada contra a sombrinha, mas é que o rito de ter que encaixar todas aquelas coisas no lugar de novo, me pareceu ser esforço de mais para um trajeto tão curto. Finalmente portaria do prédio. Ufa! Venci a chuva hoje. Entro no elevador... Quinto andar. ok, chegou. Ao sair, pisei em um saco no chão. Ainda pensei em verificar o que era, mas não tinha certeza se havia outra pessoa por ali, o que seria um mico razoável, eu abaixar para tatear o chão só para matar uma mera curiosidade daquilo que parecia ser um simples e inútil saco. Chego em casa, xixi na portinha para sair. Jogo as coisas assim meio sem ordem, em cima da cama. Agora o ritual de retirada de coisas não me parece ser tão necessário, pois a emergência do 2x era bem maior. Ui, alívio no banheiro, relaxamento total. Ok, me organizar para a rotina desses últimos dias. Comer algo rapidamente, pegar cigarro, colírio, celular da bolsa e ir estudar para o concurso que será daqui há duas semanas? Meus deuses, como o tempo voa! E eu, pra variar, não satisfeita com o que tenho estudado. Sempre acho que deveria ter estudado mais. Ao abrir a bolsa, encontrei a capa da sombrinha. Ai, preciso guardá-la antes que suma por aí. Mas cadê? Ah, devo ter deixado na entrada de casa, por cima de algum sofá, cadeira, ou na cozinha, durante o corre-corre para despachar o 2x. Deixa pra lá. Depois a encontro, estudar agora é mais emergencial do que essa busca. Em fim no micro, toma de estudar, e ler, e reler, e voltar, e avançar.... Fim do dia. Arrumar as coisas para o trabalho amanhã. Volta tudo para dentro da bolsa, cigarro, celular, colírio e a..... sombrinha! Procura e procura pela casa. Onde ela está? Onde será que a coloquei. Peço socorro aos habitantes da casa: Alguém por a caso não viu uma sutil sombrinha rosa choque por aí? Não... ninguém viu. Mas como? Ela é tão.... tão expressiva! Senta.. relaxa.. pensa... Como cheguei em casa? Com ela na mão, isso tenho certeza. Faço uma detalhada regressão e fixo meu pensamento em um sórdido detalhe: o saco do elevador. Será que o saco na verdade não era saco, e sim minha sombrinha que escorregara de minhas mãos sem que eu percebesse? Nem penso duas vezes e me dirijo para fora de casa. Não custa nada tentar, não é? Sei que a possibilidade é por de mais remota, mas vai que existem almas boas, ou almas que não se interessam por uma sombrinha rosa choque? Chego a portaria e pergunto ao porteiro com a maior naturalidade: - Moço, por acaso alguém não teria achado uma sombrinha rosa choque no elevador hoje? Ele me responde com uma voz animada. - Olha, tem uma sombrinha aqui, mas é vermelha de bolinhas pretas, seria essa? Vermelha de bolinhas pretas? - Me espantei. - Eu não sei.... moço, deixe-me pegar nela por favor. E lá estava, a reconheci, pela etiqueta rasgada que havia nela. - Olha moço, eu sei lá se é rosa choque ou vermelha de bolinhas pretas, mas com certeza é essa mesma! Que felicidade! Alívio em fim. Sair de casa em plena sexta-feira as seis da manhã com chuva e sem sombrinha, não é algo que me anime nem um pouco. O curioso disso é que durante algum tempo, eu imaginava que andava pelas ruas com uma sombrinha rosa de bolinhas brancas... Mas vermelha? Talvez a portaria estivesse sem luminosidade o suficiente para que o porteiro diferenciasse a cor rosa choque de vermelha.. Mas bolinhas pretas são bem diferentes que bolinhas brancas.... Será... será... será? Não..... por via das dúvidas, melhor é comprar uma sombrinha nova, dessa vez com as cores do meu fluzão, pois não me sinto nada segura andando com uma sombrinha vermelha de bolinhas pretas. Logo vermelha de bolinhas pretas! Não poderia ser vermelha de bolinhas azuis? Ou verdes? Ou quem sabe até roxas? Ah, não importa, o que com toda certeza se faz necessário agora, é agradecer mentalmente a pessoa que devolveu minha lindinha, fofinha, charmosinha e super útil sombrinha!


Witches Broom